Na pobreza e na riqueza
02/11/13 15:50Essa vida de quem roda o mundo com a F-1 pode ser engraçada. Uma hora você está na Índia, cercada por muita miséria e sujeira (também muita) , aí você pega um voo de menos de quatro horas e, de repente, só o que se vê é luxo e limpeza. Pode parecer meio estranho, mas para mim é quase como se a Disney tivesse virado um país.
Foi assim nesta semana, quando deixei Delhi e vim para Abu Dhabi, para a 17ª etapa deste Mundial da F-1.
Se a Índia é a antítese do mundo da F-1, como contei neste outro post aqui, Abu Dhabi é sem dúvida o sonho de Bernie Ecclestone. É a corrida que todas as corridas deveriam ser.
Capital dos Emirados Árabes, Abu Dhabi é o mais rico deles e faz questão de mostrar. A Ferrari tem um parque de diversões por aqui, o Louvre vai abrir uma “filial” em 2015, assim como o British Museum e o Guggenheim. A arquitetura é impressionante e os formatos dos prédios são os mais variados possíveis. Não há um papel na rua. As estradas são amplas e o asfalto é impecável.
No circuito, a mesma coisa. Tudo funciona. O paddock é lindo, do tamanho ideal, bastante funcional. Os escritórios das equipes são grandes, têm três andares, terraço no último deles com uma vista incrível de trechos da pista. Como se um não fosse suficiente, cada time tem direito a dois prédios destes. Tudo perfeito para receber convidados e dar conforto aos que precisam trabalhar.
A sala de imprensa fica perto de tudo, tem internet de graça e mais parece uma sala de controle da Nasa, graças aos mega telões instalados para acompanharmos a ação na pista, o live timming, etc. Há shuttles para todos os lados, vagas no estacionamento. Os voluntários são simpáticos e prestativos. Tudo foi milimetricamente pensado para facilitar a vida de todos. E por isso todo mundoa adora este GP: pilotos, equipes, imprensa.
A corrida é feita ao entardecer para valorizar o maravilhoso por do sol que podemos ver todos os dias aqui no deserto. E claro, para render imagens maravilhosas para o mundo todo ver.
Mas falta alguma coisa. Falta alma. Alma que lugares como Interlagos, Spa e até Austin têm. Mas que o dinheiro do petróleo não compra. Ainda…
Adorei essa definição:
mas para mim é quase como se a Disney tivesse virado um país.