O GP de Mônaco é daqueles em que tudo é mais complicado. Nunca fui como torcedora, mas como jornalista é sem dúvida um dos que exige mais paciência.

A hospedagem não é fácil. Ficar em Mônaco é um luxo que quase ninguém tem _tirando os zilionários, amigos de, membros de equipes e uns poucos sortudos. Quem consegue se hospedar por perto, em Beausoleil, por exemplo, que é apenas morro acima de Montecarlo, tem que se apertar em minúsculos apartamentos para conseguir uma boa tarifa. E ir andando para a pista, no labirinto de escadas, elevadores, passagens subterrâneas e estacionamentos.

As outras opções são ficar mais longe como em Nice ou Menton, por exemplo. Nos dois casos, ir de táxi é inviável _lembro que no ano passado peguei um de Mônaco a Beausoleil, menos de 3 km, e paguei 50 euros (só pra explicar era de noite e estava um frio terrível, senão teria andado!).

Restam o trem, que geralmente é cheio e o último é cedo para quem está trabalhando  e carro. Mas aí tem o trânsito na chegada a Montecarlo, já que muitas ruas ficam fechadas.

Fora isso, comer é caro. Beber, mais ainda. Um copo de cerveja na Rascasse sai por 8 euros. Dá pra comprar um “six pack” no Brasil…

Mas falemos de trabalho. A sala de imprensa fica no segundo andar de um prédio, sem janelas. Bom, até tem umas pequenas, mas temos que ficar na ponta dos pés para ver uma pontinha da Rascasse. E só. De resto dá para ver a Energy Station, o porto, o mar… mas carro de F-1 que é bom, nada.

As mesas são antigas, umas grudadas nas outras. Pegar um bom lugar é como ganhar na loteria. A internet é cara e a fila para pagar é sempre enorme.

Os boxes ficam longe do paddock e da sala de imprensa e quando as entrevistas são marcadas para lá, temos que sair da sala de imprensa antes do fim do treino para chegar lá a tempo.

Trabalhar no grid é sempre uma bagunça. Muita gente, muitos seguranças e algumas celebridades fazem com que o trabalho seja sempre um dos mais complicados.

E as corridas, vamos combinar, não são as mais empolgantes em geral.

E aí você leu este post até aqui e pensou, nossa, ela odeia Mônaco. #sóquenão

Mônaco é um daqueles lugares em que tudo está errado. Mas que a gente adora do mesmo jeito. E que se fosse em qualquer outro lugar a gente torceria para sair do calendário. É o único GP que toda vez que saio do estacionamento dou de cara com o Mediterrâneo e seu azul profundo e penso em como tenho sorte de estar aqui mais uma vez.

Mônaco é especial e não só para os pilotos. A semana é mais longa, não há treino na sexta, tudo é diferente e único.

Ir à beira da pista assistir a um treino é uma experiência inesquecível. Em alguns trechos é possível ver os olhos dos pilotos através da viseira. E em outros você chega à conclusão que é preciso ter pelo menos um parafuso a menos para fazer o que estes 22 pilotos estão prestes a fazer nos próximos dias.