Dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras. A entrevista coletiva pós-GP de Mônaco, hoje, foi mais que isso. Por pouco mais de 20 minutos, Rosberg e Hamilton eram a imagem perfeita de uma dupla de equipe que já não se entende mais.

Depois do episódio da classificação de ontem, o clima na Mercedes ficou ainda mais pesado. Hamilton, o mais esquentado e passional do dueto, empurrou e xingou um fotógrafo que trabalhava no Parc Fermé logo depois do treino e mais tarde disse que “daria uma de Senna” com o companheiro de time. Lauda conversou com os dois antes da corrida e pediu que não fizessem besteira.

Na pista os dois se comportaram como o time queria, mas se marcaram o tempo inteiro via rádio. Chegou a ser engraçado acompanhar os questionamentos de ambos para seus engenheiros.

Hamilton reclamou de a equipe não ter chamado Rosberg aos boxes uma volta antes, mas na entrevista disse que não lembrava de ter falado isso (#meenganaqueeugosto).

Rosberg, que está fazendo o papel de “jogador de equipe” da dupla, afirmou que confia 100% nas escolhas dos engenheiros e que em nenhum momento parou para pensar se deveria entrar nos boxes antes ou depois.

Polêmicas à parte, o fato é que a vitória de hoje em Mônaco (a segunda seguida de Rosberg aqui) não só fez com que ele interrompesse a série de quatro triunfos seguidos de Hamilton e retomasse a dianteira da classificação como o deixou em vantagem psicológica sobre o companheiro.

Hamilton age com o coração. Fala sem pensar. Guia assim também. E talvez seja justamente aí que Rosberg leve a vantagem nesta disputa pelo título. Se for inteligente continuará com este jogo até Hamilton sucumbir.

No paddock já há quem diga que os dois não se falam mais desde a corrida de Barcelona. Eles negam, tentam disfarçar. Mas passaram a entrevista coletiva inteira se alfinetando.

Hamilton chegou a dizer que a polêmica da classificação foi encerrada depois que ele viu a telemetria. E soltou um “e eu gostaria que vocês pudessem ver também”.

Não tenho dúvida de que muito drama ainda virá pela frente e este campeonato, apesar de estar nas mãos da Mercedes, está longe de ser decidido. Resta saber se a equipe alemã será mais inteligente que a McLaren em 2007, que com a briga entre Hamilton e Alonso acabou jogando o título no colo de Raikkonen.

De resto a corrida de hoje não foi das mais emocionantes. Ricciardo mais uma vez mostrou que foi a escolha certa da Red Bull ao subir no pódio em terceiro. Vettel continua com uma nuvem cinzenta na cabeça e abandonou no começo da prova com problemas no turbo de seu carro.

Massa fez uma boa corrida as estratégias da Williams finalmente deram resultado. Ele largou em 16º e chegou em sétimo depois de retardar seu pit stop diferentemente do resto do grid.

Deu um pouco de sorte com as várias punições e o azar de Raikkonen, que foi acertado por uma Marussia e teve de fazer um pit stop a mais, mas ainda assim guiou bem e não se envolveu em confusões.

Falando em Marussia, aliás, ótima corrida de Bianchi que largou em último e chegou em nono dando à equipe os primeiros pontos de sua história.