O sempre sorridente Vettel (Divulgação)
Confesso que sempre tive uma certa simpatia por Sebastian Vettel.
Não lembro exatamente a primeira vez que falei com ele, possivelmente em 2007, mas mesmo antes de ele virar “alguém” no paddock sempre fiz questão de estar nas suas entrevistas. Com seu senso de humor nada típico de um alemão, ele sempre fez com que elas tivessem tiradas engraçadas e inteligentes.
Ainda rio quando lembro o dia que ele chegou meio bêbado na sala de entrevistas coletivas na Malásia, em 2010, depois de ganhar a corrida e dar uns goles a mais de champanhe no pódio.
Mas confesso também que neste ano meio que cansei dele. Haja criatividade para fazer coisas diferentes quando sempre o mesmo cara ganha, o mesmo cara faz pole, o mesmo cara é campeão. Torci para que neste ano alguém me ajudasse. Mas Vettel não deixou. Engoliu todo mundo. E como falei neste post aqui, mais que merecidamente.
Eis que chego aqui na Índia e, depois de uma quinta-feira corrida, cheia de entrevistas, recebo um email da assessora de imprensa dele me oferecendo uma entrevista pra uma hora depois, algo que eu vinha pedindo desde o começo do ano. Apesar de não ter preparado nada e de ter sido pega de surpresa, aceitei na hora, claro.
Fui para o escritório da Red Bull com algumas perguntas anotadas, mas queria alguma coisa diferente. Fui recebida com um sorriso e um aperto de mão e começamos a falar sobre futebol, a Copa no Brasil e a entrevista começou sem que a gente percebesse. O assunto passou para dinheiro, filhos, bolsas (sim, bolsas, que ele disse que não compra para a namorada porque nós, mulheres, mudamos muito de opinião e somos impossíveis de agradar) até chegar numa serra elétrica, sua última compra.
Claro que não falamos só disso. Conversamos sobre F-1, sobre as vaias que ele recebeu neste ano, sobre o “barato” de guiar um carro a 260 km/h. Mais de 20 minutos depois (o que na F-1 é uma raridade) fomos interrompidos pela assessora, que disse que meu tempo tinha terminado. Mas ainda perguntei a ele se ele tinha um cachorro, uma curiosidade boba minha, mas como eu tenho (três), queria saber (sempre achei que ele tinha cara de dono de cachorro). Ele me disse que sim, que tinha um labrador marrom.
Mas mesmo antes disso ele já tinha me reconquistado. Como não gostar dele?
Mas mais que a conversa, a entrevista, o que toda vez me ganha é que Seb é um dos poucos entrevistados no paddock que escuta o que você pergunta, que faz um esforço pra te dar uma boa resposta, que está presente na entrevista, que te responde olhando nos olhos.
E me impressiona como hoje, quase quatro títulos depois, recordes, toneladas de dinheiro, etc, etc, ele ainda é o mesmo de quando chegou na F-1. E, se pudesse apostar, diria que ele será sempre assim. E é isso o que faz dele especial.
Ah, e claro, o resultado desta conversa foi publicado hoje, na Folha. Pena que não coube tudo, mas você pode ler a versão integral aqui.