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O olhar de quem acompanha de perto o mundo da F-1

Perfil Tatiana Cunha é repórter e acompanha todas as etapas da F-1

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Guerra na Mercedes em Spa

Por tatiana
24/08/14 17:06
Hamilton e Rosberg, pouco antes da batida em Spa (Divulgação)

Hamilton e Rosberg, pouco antes da batida em Spa (Divulgação)

Juro que estou com pena do Ricciardo. Pela segunda corrida seguida o “australiano-gente-boa” ganha de forma incrível e é totalmente ofuscado pela guerra interna na Mercedes.

Hoje, aqui em Spa, foi ainda pior do que tinha sido na Hungria. Tudo porque, desta vez, Hamilton e Rosberg não só chegaram às vias de fato (leia-se bateram), como ainda a guerra ficou completamente pública.

Mas vamos por partes. Tudo aconteceu na segunda volta. Hamilton passou o alemão na largada e estava na liderança quando Rosberg tentou fazer a ultrapassagem. A asa dianteira do carro dele tocou no pneu de Hamilton, que explodiu. O inglês viu sua corrida (e quem sabe até o campeonato…) acabar naquele momento.

Rosberg não teve o mesmo azar e continuou na corrida. Chegou em segundo e viu sua vantagem sobre o companheiro no Mundial aumentar para 29 pontos.

Mas bastou descer do carro pra coisa começar a ficar feia pro seu lado. Foi vaiado no pódio, levou broncas públicas de seus chefes e ainda viu Hamilton escancarar a guerra na equipe ao contar que Rosberg havia admitido na reunião pós-corrida que a batida havia sido intencional.

“Ele disse que poderia ter evitado [a batida]. Ele disse ‘eu fiz isso para deixar claro meu ponto de vista’. Fiquei chocado com o que ouvi na reunião. Nico basicamente sentou lá e disse que era minha culpa”, foram as palavras exatas do piloto inglês.

Toto Wolff também não estava feliz com a dobradinha jogada no lixo e falou que a equipe vai ver o que fazer a partir de agora. Uma das opções, segundo ele é não deixar mais que eles corram livremente e voltar com as ordens de equipe. Disse ainda que Rosberg quebrou os limites que tinham sido estabelecidos no começo do ano e ainda deixou no ar uma possível punição.

Lauda também ficou do lado de Hamilton e disse que a manobra de Rosberg foi desnecessária naquele momento da corrida.

Rosberg fez cara de paisagem. Disse que os comissários julgaram a batida como “acidente de corrida” e que é assim que ela deve ser tratada. E falou que não ia entrar em detalhes sobre o que está acontecendo dentro do motorhome da Mercedes.

Ou seja, aguardemos cenas dos próximos capítulos porque essa história está longe de terminar.

Fora isso a corrida teve bons pegas, o melhor deles estre Alonso, Vettel, Magnussen e Button, que chegaram a ficar lado a lado nas últimas voltas na disputa pela quinta colocação.

Massa, outra vez, fez uma prova para esquecer. Largou em nono e não conseguiu fazer muita coisa depois que passou por cima de um pedaço de carro da Mercedes e viu o rendimento de seu Williams despencar. Girava quase dois segundos mais lento que Bottas (este aliás foi ao pódio pela quarta vez no ano) e a equipe só conseguiu tirar a sujeira muito tarde. Resultado, foi apenas o 13º.

Que venha Monza!

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Mercedes, com (MUITA) folga

Por tatiana
23/08/14 12:28
Rosberg, que cravou a sétima pole desta temporada (Divulgação)

Rosberg, que cravou a sétima pole desta temporada (Divulgação)

Dois segundos. Na vida real, este pode ser o tempo que você demora para abrir uma lata de refrigerante. Nada. Mas na F-1, dois segundos são suficientes para fazer um pit stop. Uma eternidade.

E foi um pouco mais que isso, para ser mais precisa exatos 0s126 a mais que este tempo, que a Mercedes colocou sobre a concorrência (leia-se Vettel, o melhor do resto) no treino que definiu o grid de largada da corrida de amanhã.

Ok, a chuva constante, que não transformou a sessão numa loteria, acabou potencializando o desempenho da equipe e Rosberg não teve dificuldade nenhuma para cravar sua sétima pole nesta temporada. E Hamilton reclamou que teve um problema em seu freio que o atrapalhou, facilitando a vida de seu companheiro de garagem.

Mas ainda assim, dois segundos…

Foi a maior vantagem da Mercedes sobre os adversários em classificações neste ano. Na Inglaterra, Rosberg já tinha colocado 1,6 segundo entre ele e Vettel. Mas ainda assim, dois segundos…

A previsão para a corrida é de pista seca. Mas, como já disse por aqui, estamos em Spa e tudo pode mudar em… dois segundos (não resisti!). De qualquer forma, acho que devemos assistir a mais um passeio da dupla que lidera o Mundial amanhã.

Apesar da vantagem da Mercedes, Vettel estava relativamente esperançoso de que a Red Bull possa estar mais perto do que esteve nas duas últimas corridas.

Alonso conseguiu uma boa quarta colocação e Ricciardo sai em quinto, o que também não é ruim.

A decepção do sábado foi a Williams. Mas a sexta posição de Bottas e a nona de Massa não chegaram a ser surpresa, já que em outros treinos com chuva a equipe sempre perde muito desempenho.

Massa culpou o trânsito por sua colocação e disse que deveria estar largando mais à frente. Falou que não conseguiu aquecer seus pneus direito e aí não conseguiu encaixar a volta rápida. De fato, seu tempo tempo foi melhor tanto no Q1 como no Q2. Mas é fato também que se repetisse sua melhor volta hoje (a do Q1), ainda assim ficaria atrás de Bottas. Hora de começar a mostrar serviço.

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Outra 'sexta-padrão' na F-1

Por tatiana
22/08/14 13:34
Hamilton, o mais veloz da sexta em Spa (Divulgação)

Hamilton, o mais veloz da sexta em Spa (Divulgação)

Não imagino que alguém achasse que as férias da F-1 iam mudar alguma coisa e que hoje, depois do fim do primeiro dia de treinos para o GP da Bélgica, teríamos alguma coisa que não as duas Mercedes na frente.

E, claro, foi exatamente o que aconteceu, com Rosberg na frente de Hamilton pela manhã e o contrário de tarde. Hamilton ficou pouco mais de um décimo à frente do companheiro e, se a pista estiver seca, aposto o que tenho na carteira que a pole ficará entre eles. Maaaaaaaas, como aqui é Spa, impossível dizer.

A previsão para amanhã é de chuva. Ou seja, deve ser uma questão de estar na pista na hora certa e aí é aquela loteria.

Como esperado, a Williams comprovou a expectativa de que as características da pista se encaixariam com o carro e Massa e Bottas fecharam o dia em quarto e sexto, respectivamente.

Mas, como disse o piloto brasileiro, não vai ser fácil ficar na frente da Ferrari, mais especificamente de Alonso. O espanhol fez o terceiro tempo, tanto de manhã como de tarde. E mostrou que vai dar trabalho.

Enquanto isso, Raikkonen, que já tinha dado a dica ontem, dizendo que ganhar aqui seria “um milagre”, continua sofrendo. Foi o quinto pela manhã, mas terminou o dia com o 15º tempo.

Quem também sofreu neste primeiro dia foi Vettel. O alemão mais uma vez teve um problema no motor Renault de seu Red Bull e não andou à tarde. Disse que isso deve atrapalhar o resto do final de semana. Ricciardo também não fez grande coisa (fechou o dia em oitavo) e admitiu que a chuva não seria de todo mal para a Red Bull.

Mas o assunto do dia aqui no paddock foi a volta de Chilton ao posto de titular da Marussia. Ontem, a equipe anunciou que Rossi correria neste final de semana porque o inglês tinha algumas pendências contratuais a serem resolvidas. Logo depois, o próprio Chilton emitiu uma nota, na qual dizia que tinha voluntariamente aberto mão do lugar para que a equipe vendesse sua vaga e conseguisse o dinheiro que tanto precisa.

Surpresa, surpresa, hoje de manhã, antes do primeiro treino, a Marussia pediu à FIA para que Chilton voltasse a ser incluído como titular. Ninguém quis explicar a história direito, mas o que se comenta é que o inglês não tinha pago por sua vaga ainda, especialmente porque Rossi não está trazendo dinheiro para o time. Triste, mas… #coisasdaf1moderna

Outro assunto aqui hoje foi Max Verstappen. Ele apareceu no paddock pela primeira vez e claro, foi a entrevista mais concorrida do dia. Bastante relaxado para quem tem só 16 anos, disse que “idade é só um número” e que os “números que interessam são os décimos que ele vai ficar à frente da concorrência”. E disse estar pronto para o desafio de ser titular da Toro Rosso em 2015. Atitude ele mostrou que tem, agora é ver como será na pista.

Max Verstappen, que será o mais jovem titular da F-1 em 2015, aos 17 anos (Divulgação)

Max Verstappen, que será o mais jovem titular da F-1 em 2015, aos 17 anos (Divulgação)

 

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A programação em Spa

Por tatiana
21/08/14 08:59
O circuito de Spa-Francorchamps, que recebe o GP da Bélgica no domingo (Divulgação)

O circuito de Spa-Francorchamps, que recebe o GP da Bélgica no domingo (Divulgação)

Sexta

  • 5h às 6h30 – treinos livres
  • 9h às 10h30 – treinos livres

Sábado

  • 6h às 7h – treinos livres
  • 9h – treino de classificação

Domingo

  • 9h – GP da Bélgica– 44 voltas (308,052 km)
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Fim das férias

Por tatiana
18/08/14 11:16

Depois de um longo e tenebroso inverno (ok, não foi nem tão longo nem tão tenebroso assim), é hora da F-1 voltar de férias.

Foram três finais de semana sem carros na pista, mas, neste domingo, a categoria volta em grande estilo, já que a corrida é em Spa-Francorchamps, um dos circuitos preferidos dos pilotos.

Para quem (como eu) não aguenta mais a espera, pegue carona com Hamilton neste vídeo promocional da Mercedes e dê uma volta virtual na pista belga enquanto o final de semana não chega 😉

Carona com Hamilton

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Ricciardo, o melhor custo-benefício da F-1

Por tatiana
13/08/14 17:54
Ricciardo festeja a vitória em Budapeste (Divulgação)

Ricciardo festeja a vitória em Budapeste (Divulgação)

Saiu ontem aquela lista que todo mundo morre de curiosidade para ver: a dos salários dos pilotos da F-1. Assim como nos anos anteriores, os “grandes” continuam no topo.

Mas, olhando atentamente, dá pra perceber algumas “injustiças” na de 2014. E, como durante as férias de verão da categoria (que ainda bem já estão super acabando) sempre sobra um tempinho, resolvi fazer algumas contas. E cheguei a uma lista com o “melhor custo-benefício” da F-1.

Claro que isso é só uma brincadeira. Eu apenas peguei o salário dos pilotos e dividi pela quantidade de pontos que eles marcaram depois de 11 corridas disputadas neste ano. E, não foi surpresa, meu novo “queridinho” do grid, Ricciardo, ficou em primeiro no ranking.

Terceiro no Mundial e dono de duas vitórias neste ano, cada ponto do australiano “custou” à Red Bull até agora a bagatela de 5.725 euros, o equivalente a R$ 17.430. Já seu companheiro, dono de quatro títulos, tem saído bem mais caro aos cofres da equipe austríaca. Até aqui, cada ponto de Vettel custou nada menos que 250 mil euros.

Mas não é só na Red Bull que os salários mostram uma certa “injustiça”. Na Williams, de Massa e Bottas, e na McLaren, de Button e Magnussen, a situação é parecida.

Mas se Ricciardo é o melhor custo-benefício da F-1 até agora, quem seria o pior? Palpites?

Esta é fácil também… Raikkonen (que aliás, vai ser papai, como Montezemolo confirmou hoje no site da Ferrari). Cada ponto do piloto finlandês neste ano custou nada menos que 814 mil euros ao time de Maranello, mais ou menos R$ 2,4 milhões. Tá bom pra você?

Aqui vai minha lista completa de quanto custou cada ponto, aproximadamente, em euros. Só levei em conta os pilotos que pontuaram.

  1. Raikkonen, 814 mil
  2. Grosjean, 375 mil
  3. Button 266 mil
  4. Vettel, 250 mil
  5. Bianchi, 250 mil
  6. Alonso, 191 mil
  7. Hamilton, 104 mil
  8. Perez, 103 mil
  9. Massa, 100 mil
  10. Vergne, 68 mil
  11. Rosberg, 59 mil
  12. Hulkenberg, 58 mil
  13. Kvyat, 41 mil
  14. Magnussen, 27 mil
  15. Bottas, 10 mil
  16. Ricciardo, 5 mil
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2014 até aqui

Por tatiana
06/08/14 11:11
Kvyat, da Toro Rosso, um dos destaques de 2014 (Divulgação)

Kvyat, da Toro Rosso, um dos destaques de 2014 (Divulgação)

É impressionante como a temporada nem bem começou e, de repente, já estamos nas férias de verão da F-1. Na volta da pausa é ainda pior. Todo ano chego em Spa e digo aos meus amigos: “Quando percebermos, já estaremos na última corrida do ano”. E é sempre assim. Do final de semana do GP da Bélgica, no dia 24, até o do GP de Abu Dhabi (sim, aquele que vale o dobro de pontos…), serão oito corridas em 14 domingos.

Ainda lembro bem da interminável viagem para Melbourne. Na bagagem, além do que eu precisava para “sobreviver” às três primeiras corridas da temporada sem voltar para casa, levava também um monte de perguntas sobre a temporada  que começava.

Será que Vettel e a Red Bull conseguiram manter a hegemonia por um quinto ano seguido? E a revolução no regulamento técnico da categoria, que consequências teria, na prática? A Mercedes conseguiria manter o status de favorita da pré-temporada? A Williams seria mesmo a surpresa de 2014? E Ricciardo iria fazer frente a Vettel? Estas e várias outras dúvidas desembarcaram comigo naquela noite de terça-feira na Austrália.

Agora, quase cinco meses e mais da metade do campeonato depois, todas elas foram respondidas. E em grande estilo.

Apesar do domínio da Mercedes, que venceu nove das 11 corridas disputadas até estas férias de verão da categoria, a temporada deste ano tem sido um prazer de se acompanhar.

Os duelos _dentro e fora da pista_ de Hamilton e Rosberg têm sido um prato cheio para quem gosta de F-1. Corridas como as do Bahrein, do Canadá e da Hungria, igualmente. A última, para mim, a melhor que assisti em muito tempo. A gente, que sempre reclama que as brigas por posições só acontecem no pelotão do meio, desta vez viu três pilotos lutando roda a roda pela vitória. Com cinco voltas era impossível saber quem venceria em Budapeste.

Além de Hamilton, que vem dando um show atrás do outro (ok, ele tem um carro beeeeem melhor que o da concorrência, mas ainda assim), Ricciardo é para mim o outro destaque de 2014. Tá, Rosberg lidera o campeonato e tem sido super constante. Mas não me comove. Já o australiano não só me conquistou como conquistou a simpatia e a admiração de todos que têm acompanhado a F-1 neste ano. Além de ser o rei do sorriso, já mostrou que tem o que precisa para ser um futuro campeão. Vettel que se cuide.

Não vamos esquecer de Bottas também! Já entre os novatos, Kvyat tem me impressionado mais que Magnussen, que tem um carro bem melhor nas mãos. É incrível a maturidade do russo, que tem só 20 anos e já estreou na F-1 marcando pontos na Austrália.

Das equipes, além do belo trabalho que a Mercedes tem feito até aqui, o time do ano até aqui tem sido a Williams. O crescimento de 2013 para 2014 foi avassalador. Grande parte desta evolução se deve à chegada dos motores Mercedes, mas ainda assim, ponto para a equipe por ter optado pela fornecedora “certa”. E, até aqui, Claire Williams tem feito boas escolhas na contratação de pessoal.

Aposto em pelo menos uma vitória até o final da temporada.

Mas se as dúvidas que tínhamos no início do ano já foram respondidas, ainda há uma questão pendente em 2014. Vai dar Hamilton ou Rosberg?

A resposta ninguém sabe. Mas, pelo que se viu até aqui neste ano, será um prazer assistir o resto do Mundial para saber.

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Massa, cinco anos depois

Por tatiana
01/08/14 08:45
Massa e a cicatriz que ficou do acidente em 2009 (Divulgação)

Massa e a cicatriz que ficou do acidente em 2009 (Divulgação)

A correria do final de semana de corrida muitas vezes faz com que eu não tenha tempo de publicar alguma coisa que queria por aqui. Para completar, este último final de semana era o segundo de uma dobradinha, o que sempre quebra quem viaja pra lá e pra cá com a F-1 (e o Bernie ainda está querendo fazer um calendário de 22 corridas #afe #hajamilhagem).

São duas coisas inevitáveis. Desembarcar em Budapeste e não lembrar de 2009. E alguém, quando descobre que eu cubro F-1, não me perguntar se 2009 não é o motivo de Massa nunca mais ter vencido na F-1.

Mas vamos por partes. Primeiro 2009.

Lembro como se fosse ontem (o que é raro, já que a minha memória é uma tristeza) daquele final de semana em Budapeste. Cheguei na quarta-feira, já cansada pelo meio da temporada, pensando que só tinha mais quatro dias de trabalho na Hungria e que depois voltaria ao Brasil para algumas semanas de descanso (leia-se trabalhando da redação, mas dormindo na minha cama, o que faz toda a diferença).

Na quinta-feira, como era uma tradição naquela temporada, cheguei cedo a Hungaroring para acompanhar Rubens Barrichello em seu “track walk”, a volta que os pilotos (menos Raikkonen, claaaaro) dão nas pistas com seus engenheiros para ver o traçado e eventuais mudanças na pista de um ano para o outro.

O calor em Budapeste estava infernal, mas eu e meu amigo Felipe Motta, que cobria F-1 para a Rádio Jovem Pan, sobrevivemos aos 4,3 km e, ao final da volta, Barrichello fez algo que nunca tinha feito até então conosco: nos chamou para entrar nos boxes da Brawn.

Lembro que seu carro estava todo desmontado ainda e ele, do nada, falou: “Vocês estão vendo esta mola aqui? Pois é, ela é a única que ainda existe num carro de F-1 hoje em dia”. Ok, informação curiosa, mas que não mudaria minha vida na hora do almoço, depois de caminhar pelo circuito com um sol de rachar.

Naquele momento, estava mais interessada na pergunta seguinte: “Vocês querem almoçar com a gente?”. Sim, claro. O salmão estava divino naquela quinta-feira de sol.

Veio o sábado e lembro de sentar no meu lugar na sala de imprensa, diante do meu computador, e pensar: “Oba, agora é classificação, corrida e casa”. Bem, não foi bem assim…

A classificação começou e todo mundo sabe o que aconteceu. A tal da mola, que o Barrichello me mostrou na quinta, acertou Massa pouco acima do olho esquerdo. E a minha ida ao Brasil, que aconteceria na segunda-feira, foi adiada até que o brasileiro deixasse o hospital.

Os primeiros dois dias foram de loucura total. Era difícil entender o que estava acontecendo ao certo, as informações eram desencontradas. Lembro de ver a família dele chegando ao hospital, a Raffa, mulher dele, super grávida, uma cena que me cortou o coração. Com o passar dos dias a situação se acalmou, mas os dias eram longos.

Chegava cedo à porta do hospital e lá ficava. Saía para almoçar, em algum lugar nas redondezas, mas logo voltava. O calor era demais e não havia nada que pudéssemos fazer, a não ser esperar. Só deixei Budapeste depois que o avião-ambulância decolou do aeroporto húngaro.

Foi uma experiência que jamais vou esquecer. E que, de vez em quando, quando sento do lado esquerdo de Massa em uma entrevista, me vem à memória. A cicatriz ainda está lá.

Mas, respondendo à segunda pergunta, acredito, de verdade, que ela é só física. Não acredito que aquele acidente tenha deixado uma cicatriz também psicológica no brasileiro.

Acho que o fato de não termos mais visto “aquele mesmo Massa” é uma questão circunstancial. Nos anos seguintes a Ferrari não fez um carro tão bom como o de 2008. Em sua volta às pistas, Massa deu de cara com Alonso como companheiro de equipe. Ele, que era “o cara” no time, voltou e viu seu lugar ocupado por um dos melhores pilotos da F-1. Fácil?

Some-se a isso o fato de em 2010, quando vinha lutando para se reerguer, ouvir, via rádio, um “Fernando is faster than you”. Ok, muitos vão dizer que agora, que tem um excelente carro nas mãos outra vez, Massa está bem atrás de Bottas no campeonato.

Sim, o finlandês já mostrou que é rápido e pode ser bastante constante em corridas também, não por acaso fez três pódios na sequência. Mas Massa teve azar em várias corridas. Há quem diga que sorte e azar não existem, eu acredito que sim.

E acredito também que, assim que emendar uma boa sequência de resultados, podemos ver mais uma vez Massa brigando por pódios e, quem sabe, até vitórias. Acho que sua carreira na F-1 já está perto do fim, mas ainda acredito que há tempo para o brasileiro se redimir. Com um bom carro nas mãos, como tem agora, não vejo motivo para duvidar.

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Ricciardo e a corrida maluca

Por tatiana
27/07/14 16:21
Ricciardo festeja a segunda vitória neste ano (Divulgação)

Ricciardo festeja a segunda vitória neste ano (Divulgação)

Estou ficando repetitiva, mas outra vez, que corrida!!! Apesar de todas as críticas que a F-1 tem recebido nesta temporada, especialmente por conta dos motores, tivemos algumas etapas de tirar o fôlego, como aconteceu em Hockenheim e hoje, em Budapeste.

Faltando cinco voltas para o fim da corrida, era simplesmente impossível dizer quem ganharia… Alonso, que liderava? Hamilton, que vinha babando em segundo? Ricciardo, com pneus mais novos, o terceiro? Ou Rosberg que vinha em quarto com pneus ainda mais novos e tirava mais de dois segundos por volta?

No fim deu Ricciardo, com Alonso em segundo e o “insubordinado” Hamilton em terceiro, à frente de Rosberg.

Apesar de a vitória de Ricciardo ter sido brilhante, o assunto no paddock após a corrida foi a ordem da Mercedes para que Hamilton deixasse Rosberg passar. O alemão estava numa estratégia de uma parada a mais, o que, em tese, justificaria o pedido. Mas Hamilton bateu o pé e não abriu. Depois da corrida, disse ter ficado chocado com o pedido.

Rosberg, visivelmente insatisfeito com o resultado, disse que não tinha pedido para o time dar a ordem (o que ele fez, já que todo mundo ouviu o rádio).

Lauda ficou do lado de Hamilton e disse que ele estava certo. Totot Wolff ficou em cima do muro, mas assegurou que o episódio fará com que a Mercedes mude sua posição a partir de agora. Afirmou que no início do ano era fácil dizer como seriam as regras entre eles, mas que agora, que os dois são de fato os únicos rivais pelo título, é impossível pedir que um dê passagem ao outro. Obviamente que isso ainda vai render…

Atrás do quarteto chegou Massa, que fez uma corrida sem muito brilho. A quinta colocação, porém, foi motivo de alívio depois de dois abandonos na primeira volta das últimas duas corridas. Bottas foi o oitavo, o que foi bom para o brasileiro, psicologicamente falando. Depois de três pódios seguidos, o resultado em Budapeste não chegou a assustar a Williams, já que além de a corrida ter sido maluca, cheia de acidentes, as características da pista não eram as ideias para o time.

A F-1 agora entra em férias, com as fábricas fechadas a partir desta semana, e volta em Spa, no dia 24 de agosto.

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O GP da Hungria

Por tatiana
27/07/14 07:12
(FIA)

(FIA)

Voltas: 70
Distância: 306,630 km
Circuito: Hungaroring
Extensão: 4,381km
Recorde da pista: M. Schumacher (2004), 1min19s071
Primeira corrida: 1986
Vencedor em 2013: L. Hamilton (Mercedes), 1h42min29s445 (179,506 km/h)
Pole em 2013: L. Hamilton (Mercedes), 1min19s388 (198,664 km/h)
Ultrapassagens em 2013: 22
Vitórias da pole: 13
Probabilidade de safety car: 10%
Asfalto: abrasivo
Consumo de combustível: médio
Desgaste dos freios: médio
Pneus: macio e médio
Largada: 9h (de Brasília)

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