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O olhar de quem acompanha de perto o mundo da F-1

Perfil Tatiana Cunha é repórter e acompanha todas as etapas da F-1

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Sem Hamilton, foi fácil para Rosberg

Por tatiana
26/07/14 13:10
Rosberg, que fez a terceira pole seguida, a sexta do ano (Divulgação)

Rosberg, que fez a terceira pole seguida, a sexta do ano (Divulgação)

Como o próprio Hamilton falou, já não é mais azar, é mais que isso…

Depois da falha no disco de freio em Hockenheim, na semana passada, hoje um vazamento de óleo fez com que o motor de seu Mercedes pegasse fogo com quatro minutos de classificação. Assim a vida de Rosberg está ficando fácil demais. O inglês, obviamente, não ficou nada feliz e deixou o circuito pouco depois da classificação. Dispensado pelos chefes, não ficou nem para a reunião com a equipe que acontece no fim da tarde.

Totto Wolff disse há pouco que o fogo danificou bastante o chassi do carro de Hamilton e que é possível que ele tenha de usar outro, o que implicaria em largar dos boxes e não da 21ª posição. Honestamente, a esta altura não vai mudar muita coisa.

Apesar de o resultado da semana passada ser encorajador para Hamilton (ele largou em 20º, deu show e chegou em terceiro), a diferença é que em Hungaroring não é fácil de ultrapassar. Torço para que a gente veja mais um espetáculo. Wolff disse que não descarta um pódio e deu a entender que o inglês vai tentar uma estratégia ousada para tentar se recuperar.

Lá na frente, caso não chova (há 20% de chance), imagino que Rosberg não deva ter grandes problemas para ganhar mais uma, saindo da pole e liderando de ponta a ponta.

Não acredito que Vettel (segundo no grid) e Bottas (terceiro, depois de mais uma excelente apresentação) conseguirão oferecer muito risco ao piloto da Mercedes. Mas a disputa pelo pódio vai ser boa, já que Ricciardo sai em quarto, Alonso em quinto e Massa em sexto.

O brasileiro não teve um final de semana dos mais tranquilos até aqui. Ontem teve problemas no carro, não fez a simulação de corrida e hoje culpou o trânsito pela colocação no grid. Veremos o que ele consegue fazer amanhã.

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Mercedes, mais uma vez na frente

Por tatiana
25/07/14 15:05
Hamilton, que foi o mais veloz desta sexta em Hungaroring (Divulgação)

Hamilton, que foi o mais veloz desta sexta em Hungaroring (Divulgação)

Nada de novo neste primeiro dia de carros na pista em Hungaroring. Assim como aconteceu em oito das 11 sextas-feiras de treinos da F-1 em 2014, os dois mais velozes foram os carros da Mercedes.

Hoje Hamilton foi o mais veloz nas duas sessões, seguido de perto por Rosberg _um décimo no primeiro treino, dois, no segundo. Ou seja, tudo indica que _novidade, novidade_ deveremos ter um duelo entre eles pela pole amanhã a não ser que algum dos dois cometa um erro grande (como Hamilton fez em Silverstone, por exemplo), ou haja algum problema no carro deles (como aconteceu com o próprio na semana passada).

Já a segunda fila parece que terá uma boa disputa. A Williams, como já esperava, não está tão competitiva neste circuito como foi nos últimos. E Red Bull e Ferrari deram pinta de que vão incomodar. Alonso foi o quarto de manhã e o terceiro mais rápido pela tarde, enquanto Vettel foi o quinto no primeiro treino e o terceiro na segunda sessão do dia.

Bottas terminou o dia em oitavo e Massa foi o décimo. O brasileiro rodou no treino da tarde e saiu reclamando bastante do carro. Disse que a traseira estava “puxando” para um lado em algumas curvas e que a equipe ia analisar o carro para entender o motivo. Mas não me pareceu dos mais empolgados para o resto do final de semana. Pela previsão deles, Budapeste deve ser a pior das oito corridas que ainda faltam a ser disputadas neste ano.

Vale lembrar que a posição de largada aqui em Hungaroring é importante, já que o circuito é travado e permite poucas ultrapassagens. No ano passado foram 22 durante a prova. Em 27 corridas já disputadas na pista húngara, 13 vezes o ganhador largou na pole.

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O final de semana em Hungaroring

Por tatiana
24/07/14 13:51

Sexta

  • 5h às 6h30 – treinos livres
  • 9h às 10h30 – treinos livres

Sábado

  • 6h às 7h – treinos livres
  • 9h – treino de classificação

Domingo

  • 9h –  GP da Hungria– 70 voltas (306,630 km)
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Rosberg vence. Bottas e Hamilton brilham

Por tatiana
20/07/14 18:11
Bottas, Rosberg e Hamilton no pódio de Hockenheim (Divulgação)

Bottas, Rosberg e Hamilton no pódio de Hockenheim (Divulgação)

Quando disse ontem que a corrida tinha todos os elementos para ser boa hoje não imaginava o quão boa seria! Para mim, a melhor do ano. Não deu tempo de respirar. Da largada, com (mais um) acidente espetacular do Massa até a bandeirada, quando Bottas conseguiu assegurar a segunda colocação apesar da pressão de Hamilton, o GP da Alemanha foi incrível.

Ok, a vitória de Rosberg foi previsível e ele ganhou de ponta a ponta sem fazer esforço. Mas enquanto ele guiava sem concorrência, atrás dele o bicho pegou.

Mas vamos por partes. Primeiro o acidente de Massa. Vendo e revendo as imagens, acho que foi um acidente de corrida. Não consigo culpar nem ele nem Magnussen. O brasileiro disse que entrou até cauteloso demais na primeira curva porque Bottas, que estava na sua frente, largou mal e ele não queria se indispor com o companheiro de Williams logo de cara. E aí culpou KMag (o apelido dele no paddock) pela batida. Disse que, como ele estava atrás, deveria ter visto que não tinha espaço e evitado o toque.

O dinamarquês lamentou a situação e disse que foi uma infelicidade. Vou fazer o advogado do diabo aqui e dizer que Massa pode não ter visto KMag tão perto, mas, em se tratando da primeira curva logo depois da largada, deveria imaginar que alguém estaria por ali, não?

Enfim, fato é que com o terceiro pódio de Bottas e o segundo abandono seguido de Massa, o brasileiro tem agora um terço dos pontos do companheiro no Mundial. E a Williams, que assumiu o terceiro lugar entre os construtores, praticamente deve isso a Bottas.

O finlandês mais uma vez foi impecável. Fez uma corrida perfeita, conseguiu economizar seus pneus e, apesar de levar uma canseira de Hamilton nas últimas dez voltas, segurou o inglês e pode dizer em casa que ganhou de uma Mercedes hoje. Mas vale lembrar que, 1) Hamilton fez um pit stop a mais e 2) o toque que o inglês deu em Button e quebrou parte de sua asa dianteira deixaram o carro de Hamilton mais instável o que, tanto ele quanto Bottas, admitem que ajudou o finlandês a ficar em segundo.

Mas nada disso tirou o brilho da maravilhosa corrida de Hamilton. Depois de se classificar em 15º ontem, a Mercedes trocou a caixa de câmbio de seu carro e ele perdeu mais cinco posições no grid. Largou em 20º e foi engolindo todo mundo. Bonito de se ver.

E conseguiu atingir seu objetivo de “limitar os danos” no campeonato depois de tanta coisa dando errada. Perdeu só dez pontos para Rosberg e chega para a corrida de domingo que vem, na Hungria, como favorito no papel.

Fora isso o GP de hoje ainda teve uma boa corrida de Vettel, que chegou em quarto, e um maravilhoso duelo entre Ricciardo e Alonso, no qual o espanhol levou a melhor e chegou em quinto, seguido pelo piloto da Red Bull.

Já Raikkonen continua com sua má fase e chegou apenas em 11º. Ele e Massa deveriam ir juntos a um pai de santo, para ver se ajuda.

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O GP da Alemanha

Por tatiana
20/07/14 07:10
(FIA)

(FIA)

Voltas: 67
Distância: 306,458 km
Circuito: Hockenheim
Extensão: 4,574km
Recorde da pista: K. Raikkonen (2004), 1min13s780
Primeira corrida: 1970
Vencedor em 2013*: S. Vettel (Red Bull), 1h41min14s711 (182,896 km/h)
Pole em 2013*: L. Hamilton (Mercedes), 1min29s398 (207,306 km/h)
Ultrapassagens em 2013*: 41
Vitórias da pole: 31
Probabilidade de safety car: 20%
Asfalto: pouco abrasivo
Consumo de combustível: alto
Desgaste dos freios: médio
Pneus: macio e supermacio
Largada: 9h (de Brasília)

* Disputado em Nurburgring

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Rosberg, para alemão ver

Por tatiana
19/07/14 13:41
Massa, que ficou em terceiro no grid liderado mais uma vez por Rosberg (Divulgação)

Massa, que ficou em terceiro no grid liderado mais uma vez por Rosberg (Divulgação)

Como disse o próprio Hamilton, Rosberg ganhou mais um presente neste sábado. Desta vez, no começo da classificação em Hockenheim, quando uma falha no disco de freio do carro do inglês fez com que ele rodasse e batesse. Resultado: fim de treino para Hamilton e (mais uma) pole sem nenhum concorrente de fato para Rosberg…

Logo depois da batida muita gente entortou o nariz e se perguntou se Hamilton não estava sendo sabotado por estar na casa de Rosberg. Um pouco de teoria da conspiração demais. A verdade é que o inglês optou por uma marca diferente de disco de freios e acabou sofrendo a falha que acabou com sua classificação, a terceira seguida em que ele tem algum problema _seja por culpa sua ou não.

Hamilton disse há pouco no motorhome da Mercedes que ainda não sabe se largará do grid (ficou com o 15º posto) ou se sairá dos boxes, caso tenha que trocar a marca dos freios por segurança. Se sair do grid não acho impossível ele brigar por um pódio amanhã. Na Áustria ele saiu em nono e foi o segundo e em Silverstone partiu em sexto e venceu.

Rosberg, que só suou para cravar a quinta pole do ano por conta do calor absurdo que está fazendo em Hockenheim, parece estar com a faca e o queijo na mão para dar à Alemanha mais uma alegria amanhã.

Bom treino da Williams, que cada vez mais tem se solidificado como a segunda equipe mais veloz do grid. Bottas outra vez se classificou diante de Massa (segundo e terceiro, respectivamente) e tem, assim como seu time, se consolidado como um dos pilotos mais velozes da F-1 neste ano.

Mas a pergunta que fica é: seria a dupla da Williams desta vez capaz de lutar pela vitória? Na Áustria, quando conquistaram o primeiro e o segundo posto no grid, acabaram se “acovardando” na estratégia e correndo para ser terceiro e quarto. E agora, na Alemanha?

Smedley disse há pouco que o objetivo maior do time é ser o terceiro no Mundial (justificativa que eles usaram em Spielberg). Ou seja, que se amanhã lutar pela vitória for significar que este objetivo pode ser ameaçado, eles vão mais uma vez correr pelos pontos e não pela vitória. Se lutar pelo primeiro lugar não for atrapalhar isso, então eles vão arriscar. A ver.

A previsão do tempo, que era de chuva, mudou e agora é de pista seca para a corrida. Mas a temperatura deve cair, o que pode ajudar a Williams.

Ricciardo em quinto, Vettel em sexto e Alonso em sétimo também são outros que podem tentar um pulo do gato para tentar um pódio. Temos vários elementos para uma boa corrida amanhã. Tomara!

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Mercedes, sem Fric

Por tatiana
18/07/14 13:02
Hamilton, que ficou com o melhor tempo da sexta em Hockenheim (Divulgação)

Hamilton, que ficou com o melhor tempo da sexta em Hockenheim (Divulgação)

Bom, pelo menos hoje o fato de as equipes não terem usado o Fric (que para quem não leu, está explicado aqui) neste primeiro dia de treinos livres para o GP da Alemanha não fez grande diferença.

Como de costume, a Mercedes colocou seus dois pilotos nas duas primeiras colocações nas duas sessões em Hockenheim. Pela manhã Rosberg foi o mais rápido, 0s065 à frente de Hamilton. De tarde as posições se inverteram e Hamilton ficou 0s024 diante de Rosberg.

A diferença para o resto não foi gigante como já se viu em outros circuitos, mas é difícil saber se isso foi por conta do Fric ou pelo calor (nunca fiz um GP da Alemanha tão quente como este… agora, mais de 18h aqui, a temperatura está em 33ºC).

No primeiro treino, Alonso, o primeiro do resto, foi 0s292 mais lento que Rosberg. No segundo, Ricciardo, o terceiro, ficou apenas 0s102 atrás de Hamilton (Ricciardo, aliás, que protagonizou a melhor cena da sexta-feira ao tentar tirar um sorriso de seu engenheiro).

Vamos ter que esperar a classificação para ver se o banimento do Fric mudou alguma coisa na F-1, o que, honestamente, acho que não vai acontecer…

A dupla da Mercedes disse que teve mais trabalho nesta sexta por conta da nova suspensão, mas não pareceu muito preocupada para o resto do final de semana na Alemanha.

Massa foi o sexto mais rápido do dia e estava bastante tranquilo. Disse ter ficado feliz com a evolução de seu carro da manhã para a tarde e disse que seu Williams se mostrou equilibrado apesar de não estar usando o Fric.

Não espero grandes surpresas na classificação de amanhã. Na corrida, porém, a história pode ser bem diferente, já que a previsão, por enquanto, é de chuva para domingo.

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Na terra dos campeões

Por tatiana
17/07/14 07:55
O motorhome da Mercedes em Hockenheim

O motorhome da Mercedes em Hockenheim

Depois da minha experiência em Berlim, na semana passada, quando fui assistir aos 7 a 1 na Fan Fest da cidade, confesso que não via a hora de voltar ao mundo da F-1 para esquecer de tudo isso.

Mas claro que o GP seguinte tinha que ser o da Alemanha. E obviamente, por todo canto, há algum tipo de referência aos tetracampeões mundiais.

Os jornais nas bancas, na TV, cartazes no aeroporto, as bandeiras nas ruas, os carros enfeitados, até a sacola do supermercado tem a foto de Müller e cia!!!

Achei que estaria “segura” no paddock, mas obviamente que não…

Cada pessoa que me encontra vem ou 1) se solidarizar com a derrota brasileira ou 2) zoar pela derrota brasileira.

O motorhome da Mercedes chegou aqui com um mega adesivo em homenagem à seleção, Rosberg terá um capacete especial, que aliás, #babado, a Fifa pediu para ele mudar o desenho. Enfim, tudo continua me lembrando da Copa do Mundo em Hockenheim.

Mas, por sorte, amanhã já tem carro na pista e, para não perder nada, aqui vai a agenda do final de semana, sempre no horário de Brasília:

Sexta

  • 5h às 6h30 – treinos livres
  • 9h às 10h30 – treinos livres

Sábado

  • 6h às 7h – treinos livres
  • 9h – treino de classificação

Domingo

  • 9h – GP da Alemanha– 67 voltas (306,458 km)
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Fric, a bola da vez

Por tatiana
15/07/14 15:04
Magnussen, da McLaren, 1º time a anunciar que não terá o Fric na Alemanha (Divulgação)

Magnussen, da McLaren, 1º time a anunciar que não terá o Fric na Alemanha (Divulgação)

Todo ano é assim… Já foi o “duto F”, o “difusor duplo”, o “escapamento soprado”. Agora, acostume-se, a partir deste final de semana, em Hockenheim, falaremos do Fric.

Traduzindo, ele nada mais é que um sistema de suspensão interligado (Front and Rear Interconnected Suspension, em inglês). Na última semana, enquanto o mundo ainda tentava entender os 7 a 1 (confesso que ainda não acredito) e pensava em Copa do Mundo, a FIA avisou às equipes que o sistema, usado pela maioria delas,  é ilegal.

O conceito do Fric foi introduzido pela primeira vez na F-1 pela Renault, em 2008. Ele é um sistema hidráulico que liga as suspensões traseira e dianteira dos carros para distribuir igualmente o peso, especialmente nas freadas. O Fric não só dá mais estabilidade aos carros como também faz com que o desgaste dos pneus seja menor.

Eis que agora, metade da temporada já passada, a FIA decide que o tal do Fric é ilegal. A justificativa é que, resumidamente, nenhuma parte do carro que influencia em sua aerodinâmica pode ser móvel e ele poderia ser considerado como tal. São as tais das letrinhas minúsculas que existem em todo contrato ou, neste caso, regulamento.

A entidade deu então aos times a chance de chegarem a um acordo, que teria de ser unânime, para que a proibição do Fric passasse a valer apenas a partir de 2015. Mas, como sempre acontece na F-1 por conta de interesses particulares, as equipes não chegaram a um acordo.

Isso abre a possibilidade para que qualquer uma delas entre com um protesto contra o resultado do GP da Alemanha, que acontece neste final de semana, já que será a partir da próxima etapa do Mundial que o sistema passará a ser considerado ilegal.

Há quem diga que um Fric super desenvolvido é um dos trunfos da Mercedes neste ano. Resta saber agora se sua proibição terá alguma diferença na performance da equipe e se veremos alguma mudança no cenário da F-1 a partir da segunda metade do campeonato.

Eu, honestamente, só espero que a gente não perca muito tempo _e muitas linhas_ falando sobre ele.

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Meu 7 a 1

Por tatiana
09/07/14 10:49
fan

A Fan Fest de Berlim, que reuniu mais de 20 mil, eu entre eles (clique para ver grande)

Sei que este blog é de F-1, mas peço licença para fazer um parênteses. Eu deveria estar em Silverstone fazendo os testes da F-1, mas, ossos do ofício, fui enviada a Berlim para cobrir Brasil e Alemanha em território inimigo. Foi uma noite histórica, que para mim acabou só quando o dia já tinha raiado e os torcedores alemães enfim deixaram a rua do lado do meu hotel.

Foi a primeira vez que vi uma Copa longe de casa. Ironia do destino, a primeira que aconteceu em casa desde que nasci. Talvez por estar sempre em “solo inimigo”, pela primeira vez em anos não torcia tanto por uma seleção. Ontem, usei a camisa e a meia da sorte. Mas não deu.

Como hoje acho que o Brasil vive um dia de catarse coletiva, reproduzo aqui o texto que foi publicado hoje na Folha, na versão integral…

———————————————————————————————————————

“Qual o motivo da visita”, pergunta o policial da imigração no aeroporto de Berlim.

“Sou jornalista e vim para acompanhar o jogo da Alemanha com o Brasil”, respondo.

Ele confere minha foto e carimba o meu passaporte. “Boa sorte hoje à noite. Vocês vão precisar”, diz o policial, com um leve sorriso no rosto. Mal sabia o que me esperava.

Uma das primeiras coisas que se aprende na faculdade de jornalismo é que temos de ser imparciais. Mas, como é Copa do Mundo, desembarquei na Alemanha vestindo a minha camisa da seleção brasileira. E a amarela, para não deixar nenhuma dúvida.

“Brasil”, exclama Joachin Muhiddin, o taxista que me leva até o hotel. Nos 25 minutos de trajeto, ele me conta que, apesar de ser alemão, seus pais são turcos e, por isso, ele irá torcer para a equipe de Luiz Felipe Scolari.

“Foi uma pena o que aconteceu com o Neymar. Mas vocês ainda têm um bom time”, diz o torcedor do Galatasaray.

Berlim, assim como a maioria das cidades europeias, tem várias opções para quem quer ver os jogos do Mundial. São bares, restaurantes, Fan Fests e exibições públicas.

Como estou em solo inimigo, resolvo fazer o reconhecimento do território antes de decidir onde verei a semifinal.

Assim que deixo meu hotel, vejo três adolescentes vestindo a camisa da seleção alemã. Vários carros passam pelas ruas com bandeirinhas do país tremulando nas janelas. Retrovisores cobertos, enfeites em preto, amarelo e vermelho. A capital da Alemanha vive o clima de Mundial.

No caminho para minha primeira parada, um mendigo com a camisa de Özil vem falar comigo. Ele aponta para minha camiseta, mas não falo alemão e ele não fala inglês. Pelo sorriso, imagino que ele não esteja me xingando. Desapontado pela falta de interação, ele se contenta em mostrar seu copo de papel e me pedir algumas moedas.

Vejo vários Müller, Klose e Podolski nos quase dois quilômetros até a Mercedes Welt. Em sua maior concessionária em Berlim, a patrocinadora da seleção alemã armou um telão enorme para que os torcedores assistam aos jogos.

Assim que entro, reparo que todos os funcionários usam a camisa da Alemanha. Um deles se aproxima de mim e fala: “Camiseta errada”.
Apesar de o prédio de vidro à beira do rio Spree ser bastante agradável, acho que eu serei facilmente identificada lá dentro. Resolvo ir para a principal Fan Fest de Berlim, que fica entre o Obelisco da Vitória e o Portão de Brandenbrugo, dois dos principais pontos turísticos da cidade.

São mais três quilômetros em que me sinto como Neymar, visada pelos adversários. Não chego a sofrer faltas, mas quase sinto vontade de pedir desculpas a todos por estar na casa deles usando as cores da minha seleção.

Até que ouço um “Vai Brasil”. É Bruno Pedroso, 17. Ele está de férias na Alemanha, com a família, mas estão todos à paisana. O único indício de que são brasileiros é o lenço amarrado no punho do estudante. “Estamos indo para Hamburgo ver o jogo de lá. Boa sorte para nós”, diz ele.

Dos sete telões, escolho o mais próximo do Portão de Brandenburgo para ver o jogo. É cedo, mas a torcida começa a chegar. A atração, antes da partida, são as barraquinhas de salsicha e, claro, de cerveja. A chuva, não afugenta quem já está por lá.

À medida que a hora se aproxima, a tensão aumenta. “Torcedora do Borussia Dortmund”, me pergunta um Ballack. Sou minoria absoluta.

Um grupo se aproxima e uma das torcedoras, bandeiras da Alemanha pintadas no rosto, me mostra a brasileira em seu chinelo. E oferece para pintar meu rosto também. Acho de bom tom dizer sim.

Na hora que começa o jogo são milhares de pessoas na avenida. Já não dá mais para se mexer. Eles ainda cantam “Ole, ole, ole, super Deutschland, ole” quando sai o primeiro gol da Alemanha.

A garoa fina dá lugar a uma chuva de cerveja. Gritos, beijos, abraços. A festa nem bem termina e… gol. Os alemães mal acreditam. Mas só estava começando. Três. Quatro. A torcida não para de cantar. Cinco. A euforia é contagiante. Quase ninguém mais olha para os telões a esta altura.

Vem o intervalo e decido que é o lugar que estou que está dando azar. Demoro os 15 minutos para conseguir me mover. No caminho, recebo abraços, sorrisos de dó e alguns “bye, bye”. Um torcedor oferece um copo de cerveja. “Não é fácil perder uma Copa em casa. Sei como é”, diz.

O segundo tempo começa. Vem o sexto gol. Mas a comemoração já não empolga. Quando faltam 15 minutos para o fim do jogo, decido que já sofri demais e resolvo ir embora. Não sem antes receber um colar com as cores alemãs.

Antes de encontrar um táxi ouço gritos. Sete? Na van da polícia ao meu lado os policiais assistem ao gol numa TV pequena. Dou uma espiada só para confirmar. No táxi, o rádio está ligado no jogo. Nem percebo o gol do Brasil, tamanha a falta de entusiasmo do narrador. Mas, assim que a transmissão termina, começa o buzinaço. Tímido no começo, vai crescendo.

Pela janela do meu quarto vejo a torcida se juntando no cruzamento ao lado. Buzinhas, fogos, apitos. Todos cantam, festejam. O barulho é ensurdecedor, mesmo do oitavo andar. A noite vai ser longa. Para eles. E para mim.

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